Tempo severo castigou lavouras e preocupa produtores

Nesta safra de arroz não faltou água para as lavouras. Pelo contrário: houve excesso de chuva, excesso de dias nublados, excesso de dias parados nas lavouras, excesso de paciência para quem não via a hora de colocar as máquinas na lavoura, como é o caso do produtor que ilustra a foto deste texto. Parou a chuva, deu uma “estiada” e entrou com tudo para colher a safra que tanto esforço e recursos demandou durante meses.

Pode haver um certo consolo quanto aos preços, mas é uma variável que sozinha já não faz mais verão neste clima dramático que tem ocorrido quando se olha o cenário de chuva e mau tempo que tanto marcou esta safra que está finalmente chegando ao fim.

Isto tudo leva a uma constatação que ninguém gostaria de fazer: certamente teremos perdas além do prevista para esta safra de arroz 2015/16, com níveis acima dos 15,4% anteriormente previstos pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Em situação pior ainda se encontram os produtores do país vizinho Uruguai, onde ainda faltam ser colhidos mais de 40% das lavouras. E destas, mais da metade foram inundadas, ficando totalmente ou parcialmente embaixo de água devido ao torrencial volume de chuvas que se abateu sobre as terras de los Hermanos del sur.

Infelizmente todas as previsões sobre o fenômeno El Niño se confirmaram, inclusive aquelas que foram informadas aqui neste espaço. Espera-se agora que este seja o derradeiro golpe deste insolente guri que tem arrasado não somente as lavouras de arroz, mas também atingiu a soja e o milho de forma severa no Cone Sul. Para completar o quadro sombrio, o início do outono se mostrou inclemente com o frio chegando mais cedo pegando parte da lavoura de arroz em floração acarretando em grãos chochos ou vazios, caracterizando o chamado fenômeno abordo. Com a ocorrência de frio intenso os grãos também foram acometidos pelo trincamento ocasionando perda na qualidade.

Com todas estas más notícias, poderia se esperar pelo menos uma valorização mais acentuada no preço do arroz, mas fatores externos poderão inibir em parte esta expectativa, como por exemplo, o estoque de passagem do Paraguai que ainda é considerável. O que pode ajudar a elevar o preço é que Argentina e Uruguai tiveram revés com o mercado brasileiro devido à desvalorização do real em nosso país. Por conta desta perda de mercado o Uruguai fechou acordo bilateral com o Iraque, uma transação envolvendo petróleo dos iraquianos e arroz dos uruguaios. Dessa forma não haverá tanto arroz a disposição para exportar.

Mesmo antes de todas estas notícias negativas a cotação do arroz mostrava sinais de estabilidade em plena safra, fato raro de acontecer. Agora, depois desta verdadeira enxurrada de fatores negativos a expectativa é de pequeno avanço nos preços, pelo menos um alento aos produtores que têm sofrido bastante com a perda de produtividade.

Além de todos estes riscos climáticos o produtor de arroz deve estar atento ao fator confiança ao entregar o seu produto. Comercializar a safra com parceiros confiáveis é fundamental para garantir segurança e liquidez no momento da venda.